Somos consequência daquilo que vemos, ouvimos e deixamos internalizar. Nosso background vai nos construindo e, ainda que não tenhamos assistido ao filme Coringa*, sabemos que o ambiente constrói e reflete quem somos hoje. Algumas vezes essa formação está tão arraigada que precisamos de ajuda externa para ‘sair do corpo’ e enxergar porque agimos como agimos.
Há poucos dias estive internada acompanhando minha filha em um provável caso de apendicite. Veja comigo alguns episódios do que vivi antes e durante aqueles dias:
1) recentemente o filho de um colega de trabalho havia falecido no hospital;
2) tive que assinar uma declaração de ciência de que minha filha, de cinco anos e asmática, correria riscos se tomasse contraste para a realização de exames, e
3) quando a pequena finalmente foi encaminhada ao centro cirúrgico, sem nenhum exame que comprovasse apendicite, o médico afirmou que operar criança era sempre ‘mais delicado’.
Essas três vivências construíram todo um cenário de tragédia em minha mente. Perdi o controle das emoções e abri as comportas das reservas lacrimais. O terreno estava pronto para que eu frutificasse o que havia sido semeado dentro de mim: morte, riscos e complicações…
Pouco depois da cirurgia, uma enfermeira veio me ver, preocupada com minha crise de choro. Disse-me que a retirada de apêndice em crianças era muito comum e que o hospital fazia esse procedimento pelo menos uma vez por semana.
‘Opa, espere, isso é comum. É cotidiano’. Caí em mim que era uma cirurgia simples e que, apesar da Mel ser asmática, corria pouquíssimo risco de vida. Uma informação que eu não tinha antes, mas que fez toda diferença na minha visão da situação e que influenciou muito meu estado emocional. Fiquei tranquila, a partir de então.
Minha experiência foi pontual, mas levou-me a refletir nos ‘mindsets’ que provocam minhas reações e atitudes. Como contrapor tudo isso e encher o meu eu de boas experiências e informações que vão influenciar minha maneira de viver? Da mesma maneira que as vivências e informações desagradáveis influenciam minhas reações, o contrário também é real.
É por isso que a Bíblia nos incentiva a desejar o leite espiritual (I Pedro 2:2), a termos comunhão entre irmãos (Judas 1:20-21) e a ocupar o nosso pensamento com aquilo que é nobre (Filipenses 4:8). Nos encher de experiências vindas do Pai permite que eu olhe com outras lentes as turbulências da vida, tenha um background de graça e esperança, pois é isso o que nos ensina o Evangelho, e vivencie o cotidiano de maneira sensata e equilibrada.
Por Cibele Sugano
*A temática do filme é sobre como o ambiente influenciou nos desajustes do personagem de quadrinhos Coringa, famoso inimigo do Batman