Durante o Bokushikai 2020 (07 a 10/jan), a palestrante e psicóloga Clarice Ebert, do Ministério Vida Melhor (Curitiba), falou sobre o pastor e sua família. Em um primeiro momento, esse tema pode até parecer ‘chover no molhado’, entretanto, não é incomum ver ministros que ‘perderam’ suas famílias por não saberem separá-la da vida ministerial.
A primeira palestra foi justamente sobre isso: estabelecer fronteiras claras entre igreja e família pastoral. Exemplificando com uma porta, Clarice citou três tipos diferentes de fronteiras: as rígidas, semelhantes a paredes, onde não existe diálogo; as difusas e emaranhadas, como portas escancaradas que não possuem filtros; e as nítidas e bem estabelecidas, como portas com maçanetas e fechaduras, ou seja, limites determinados e esclarecidos para ambas as partes.
“Deixar as fronteiras nítidas entre igreja e família pastoral é fundamental para que haja respeito e todos consigam ter seus momentos de privacidade e vida saudável”, esclareceu a preletora.
A segunda palestra foi sobre a vida conjugal do casal pastoral. Segundo a psicóloga, a mulher do pastor não é uma ‘ovelha VIP’, é esposa. Da mesma forma, o pastor, quando chega em casa, é o marido. Foi ressaltado que, por mais lógico que isso possa parecer, o casal pastoral é como qualquer outro, com virtudes e dificuldades, lutas e discussões. Por isso, é extremamente importante que os ministros cuidem bem de suas famílias, não deixando que o ministério consuma 100% de seu tempo. Também é fundamental que a igreja compreenda isso, dando suporte e privacidade aos cônjuges.
A terceira palestra abordou tensões que podem existir entre família pastoral e ministério. O alerta de Clarice foi para que conflitos conjugais e familiares não sejam vivenciados no contexto do ministério e vice-versa, pois a fusão pode trazer prejuízos para ambas as esferas. Além disso, enfatizou o perigo das expectativas colocadas sobre os filhos do pastor, não só pela igreja, mas por eles mesmos, através de auto cobrança.
O desafio colocado aos ministros presentes foi para que todos busquem governar bem suas casas, estabelecendo limites, abandonando idealizações heroicas, compreendendo sua humanidade e lembrando que possuem necessidades próprias. Para isso é fundamental haver respeito, diálogo e consideração para com sua família e igreja.
Por Felipe Nakamura